Uma forte chuva atingiu o município de Taboão da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, na noite de sexta-feira (11). O temporal provocou a queda de pelo menos 11 árvores, além de danos em oito estruturas, incluindo fachadas, placas e coberturas. Houve registro de pelo menos um ponto de alagamento na cidade.
As informações foram compiladas e apuradas pela tab_jornalismo a partir da cobertura dos veículos locais Jornal na Net, Portal O Taboanense e Notícias 24h.
As chuvas, acompanhadas de fortes rajadas de vento que chegaram a 65 km/h, segundo dados do Zoom Earth, iniciaram no final da tarde e se intensificaram no início da noite, provocando destruição e transtornos por toda a cidade.
Diante da situação, o prefeito Aprígio (Podemos) decretou estado de emergência neste sábado (12), autorizando a mobilização da Defesa Civil e demais órgãos municipais para atender a população afetada.
Por que isso é importante?
Apesar dos esforços da Prefeitura para lidar com os estragos causados pelo temporal, um levantamento da tab_jornalismo, publicado em conjunto com o Jornal na Net, revelou que a Prefeitura de Taboão da Serra reduziu os recursos destinados à prevenção de desastres na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, passando de pouco mais de R$14 milhões em 2023 para R$5,1 milhões em 2024.
Um dos cortes mais significativos atingiu o Programa de Prevenção e Redução de Riscos e Desastres, que passou de R$886,5 mil para R$87,8, o menor valor dos últimos três anos. O programa é voltado para ações de combate a enchentes e alagamentos.
A necessidade de investir em prevenção de desastres se torna ainda mais urgente em um contexto de mudanças climáticas, com eventos extremos se tornando cada vez mais frequentes.
O relatório Brasil 2040, produzido por diversos institutos de pesquisa a pedido do Governo Federal e relevado pelo The Intercept Brasil, já apontava alterações significativas para clima, recomendando investimentos em infraestrutura e ações preventivas. A íntegra do estudo pode ser acessada no Pinpoint da tab_jornalismo.
O que dizem os dados?
Entre as regiões mais afetadas estão os bairros Chácara Agrindus, Jardim Bom Tempo e Jardim Clementino, que concentraram 6 das 20 ocorrências cobertas pelo dados que a tab_jornalismo teve acesso. Na região da Chácara Agrindus, próximo à prefeitura, a queda de energia fez com que os semáforos da Avenida Aprígio Bezerra da Silva parassem e o ponto de alagamento em frente à antiga concessionária de caminhões travou o trânsito no local.
A maior parte dos casos ocorreu em áreas que já são listadas pelo Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil de Taboão da Serra, elaborado em fevereiro de 2023 pelo município. Você encontra a íntegra do documento no Pinpoint da tab_jornalismo.
O plano, que prevê ações específicas para lidar com quedas de árvores, pontos de alagamento e vendavais, determina a atuação da Defesa Civil, em conjunto com o Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Serviços Urbanos, para avaliar a situação, alertar a população, remover árvores caídas e desobstruir vias.
Tanto a queda de árvores, quanto os danos em estruturas públicas e privadas, foram causados por rajadas de vento que atingiram Taboão da Serra.
De acordo com dados da plataforma meteorológica Zoom Earth, as rajadas de vento eram de 37 km/h por volta das 19h, saltando para 49 km/h, uma hora depois e atingindo 65km/h, o pico durante o temporal. Durante o temporal, a velocidade média do vento, isto é a velocidade constante em que ele soprava, foi de 17 km/h às 19h para 29 km/h às 23h, segundo dados da plataforma.
No total, a tab_jornalismo analisou 20 ocorrências de danos causados pelo temporal das 32 alegadas pela Prefeitura, a maior parte relacionado às 11 queda de árvores monitoradas pelas equipes do Jornal na Net, Portal O Taboanense e Notícias 24h. Embora os dados já apontem para várias localidades afetadas, existem casos subnotificados.
O que estão dizendo?
Em entrevista ao portal O Taboanense no sábado (12), Hueb resumiu as operações desenvolvidas pelo poder público em Taboão da Serra.
“Nós estamos na rua desde ontem, tentando fazer toda a ação para liberar o ir e vir da população de Tabom da Serra. […] São em torno de 32 ocorrências oficiais. […]
Hueb explicou que a Coordenadoria está fazendo uma triagem para atender prioritaramente as regiões mais afetadas.
“[A gente] avalia qual que é a [ocorrência] de maior importância para o munícipe circular. Como [teve] pessoas que ficou trancadas dentro de casa, [árvore] que caiu dentro da casa, que a pessoa não tem onde ir, [temos] algumas prioridades que a gente tem que socorrer primeiro”
Em relação à falta de energia causada pelo rompimento dos fios, Hueb disse que a Enel, operadora da rede de eletricidade na cidade, aguarda pela atuação da Prefeitura para religação do sistema.
“A rede só pode fazer a religação das ruas do sistema depois que avaliar todos os cabos que caíram, porque se ele liga a rede e a rede está cruzada, está em cima de um cabo, está no chão ou alguma coisa, pode causar um acidente muito maior.”
Segundo o coordenador a Prefeitura liberou na madrugada de sábado a circulação de vias afetadas pelas quedas.
Em suas redes sociais, o prefeito Aprígio anunciou uma pausa temporária em sua campanha de reeleição no segundo turno para cuidar da situação causada pelo temporal de sexta-feira.
“Vocês sabem que eu estou em campanha política, mas eu estou suspendendo temporariamente a minha campanha política para cuidar de perto e com muito cuidado, do povo de Taboão da Serra. Houve um evento climático muito violento na nossa cidade.”
Em entrevista ao SP Reporter, no entanto, o Prefeito avaliou que os estragos não poderão ser resolvidos antes de 15 dias.
“O [estrago] que foi feito na cidade, a destruição da cidade, em 10 a 15 dias nós não vamos conseguir reparar. Vai ficar muito difícil pra gente conseguir fazer esse concerto em 10 a 15 dias.”
No pronunciamento, Aprígio também pediu para que os secretários municipais colaborassem entre as pastas para atender à população.
Saiba mais
Em caso de emergência, os moradores podem entrar em contato com a Defesa Civil pelo telefone 199 e com o Corpo de Bombeiros pelo 193.
A Defesa Civil recomenda que, em caso de falta de energia, a população evite tocar em fios elétricos caídos e comunique a concessionária. Moradores de áreas de risco de deslizamentos ou alagamentos devem procurar um local seguro e seguir as orientações das autoridades.
