Embora o noticiário local não dê conta da atualização do número de eventos que podem acontecer numa cidade, poucos deveriam preocupar tanto Taboão da Serra (SP) como o aumento de casos dengue.
Os números revelados com exclusividade pela tab_jornalismo apontam para um cenário que pode ser agravado nos próximos meses, historicamente com alta de casos na cidade.
Os registros nesse sentido, inclusive, são contundentes: nos dois primeiros meses deste ano, Taboão registrou 337 casos prováveis de dengue, com 42 casos em janeiro e impressionantes 253 em fevereiro, números representam os maiores índices para o período desde a epidemia de 2015.
No entanto, os dados do SUS mostram que a doença não tem afetado os munícipes de maneira aleatória.
Pelo contrário, com 183 notificações (54,3%) registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), as mulheres entre 20 a 39 anos são as mais afetadas, uma tendência que infelizmente não é nova na cidade, já que, desde o início da série de dados, em 2014, elas são, em média, 58,5% dos casos de dengue em uma cidade com 52,6% da sua população feminina, de acordo com Censo 2022.
O recorte se agrava se considerada a cor ou raça, já que, no quadro geral, dos 337 casos prováveis de dengue registrados em Taboão, 182 eram indivíduos que se identificaram como negros (8%) e pardos (46%).
Dessa forma, resta necessário que ação do poder público local seja não somente em direção no cumprimento das Diretrizes Nacionais para controle da Dengue, mas na atuação para correção das disparidades sociais, principalmente sobre a população feminina, preta e parda.
Somente com ação decisiva e coordenada será possível conter o avanço da dengue e proteger a saúde de toda a comunidade de Taboão da Serra, principalmente das mais afetadas: as mulheres.