As recentes chuvas que assolaram Taboão da Serra trouxeram para o espaço público o debate em torno da necessidade premente de ações de mitigação das mudanças climáticas por parte do poder público, exigindo uma atuação conjunta entre as diferentes esferas das administração pública do país.
O município, nesse contexto, assume papel fundamental nas ações diretas de prevenção em sua área de jurisdição, com impacto direto na vida dos moradores, de maneira que, é justamente a coordenação entre os municípios que compõe a resposta do Estado a tragédias como as que ocorreram.
No entanto, o que se observa no município de Taboão da Serra é o prenúncio de uma tragédia: conforme revelado com exclusividade pela tab_jornalismo, a gestão de José Aprígio (Podemos) cortou mais de 60% do investimento em áreas que são responsáveis por ações de prevenção e atuação em tragédias climáticas.
Além dos cortes, Taboão registrou em 2023 o outubro mais chuvoso dos últimos 8 anos, seguindo a tendência observada em outras regiões do país e prevista no relatório Brasil 2040, também disponibilizado pelo jornal.
Nesse sentido, Taboão da Serra segue na contramão das ações que visam diminuir o impacto das mudanças climáticas no município: além dos cortes no orçamento, a cidade investe pouco em ações de redução da emissão de gases do efeito estufa, como as de recuperação da vegetação nativa, hoje retrita a apenas 10,5% do território municipal, de acordo com o Painel Verde SP, do governo estadual.
A implantação de ciclovias e do transporte municipal gratuito também é crucial para a promoção da mobilidade sustentável, já que permite o transporte de pessoas e mercadorias com menor pegada de carbono e fortalecimento da atividade comercial local, conforme descoberto em pesquisa publicada pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
Em que pese os últimos fatos trazidos à tona pela tab_jornalismo, o debate em torno das questões climáticas precisa ser incluído com seriedade tanto na vida diária do município, quanto no já quente debate de quem ocupará a Prefeitura Municipal em 2025. Tal debate carrega a possibilidade de evitar a crescente de dolorosas cenas de perdas pessoais e materiais pelas enchentes, já enfrentadas tantas vezes pelos munícipes da cidade.
Urge ao poder público de Taboão da Serra, mas também aos candidatos que pleiteiam ocupar o Palácio do Parque Assunção, fazer das questões climáticas um preocupação comum à vida do taboanense, mais do que lamentar, em mera ação midiática, as eventuais tragédias e perdas sofridas.